Arte no Espaço Litúrgico: Entre a matéria e o mistério
É um trabalho feito à várias mãos!
Para motivarem-se mutuamente na criatividade litúrgico-artística, no ano de 2017, cada comunidade das Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre presente no Brasil assumiu aprofundar a história e o sentido de alguns objetos e símbolos cristãos. O material recolhido foi carinhosamente reunido e organizado de modo a apresentar um subsídio simples, prático e consistente para servir como guia e orientar as escolhas no que se refere ao espaço de celebração do povo de Deus.
Pisar no terreno do sagrado é sempre algo delicado, pois parte do pressuposto- não facilmente aceitável- de que o sagrado toca o chão. Mas para o filósofo Régis Debray “há sagrado por toda a parte onde a imagem se abre a uma coisa diferente de si mesma”. A imagem sagrada nos faz viajar. O meio de transporte é o símbolo.
Símbolo vem de symballein, um fragmento de tigela, quebrada entre dois hóspedes, que era transmitido a seus filhos para que um dia, ao se reencontrarem, pudessem, encaixando os dois pedaços, reatar as mesmas relações de confiança e amizade. Era um sinal de reconhecimento, destinado a reparar uma separação. Símbolo é um objeto convencional que ganha novo sentido a partir de um acordo entre as partes e de um reencontro.
Mas ainda na liturgia, o símbolo vem reatar a aliança com Deus e os laços fraternos. Não há encontro sem partilha, nem símbolo sem união do que estava separado. O espaço litúrgico é símbolo do tempo vivo que somos cada um, cada uma de nós e, sobretudo, o que é a comunidade reunida.
Que este subsídio ajude cada pessoa que o tem nas mãos a abrir-se para o diferente de si mesmo, a ”encaixar os pedaços”, a sentir-se comunidade, a reatar as relações com os irmãos e irmãs e com Aquele que era, que é e que vem!